Desespero escolar, entro na sala e uma criança me entrega um bilhete.
“Deixe a gente sair ”
A professora títular não estava, e eu assumi o posto de “professor carcereiro”. O bilhete reflete muitos pontos da escola, a inexistência da relação libertadora, ausência de uma ludicidade articulada aos processos de aprendizagem.
O “sair” ampliado, fora da sala,
fora da escola,
fora da escolarização do mundo.
O sonho era que o aluno desesperado e o professor carcereiro saíssem de mãos dadas dos mofos educacionais, senti a necessidade de ser libertado também. Um liberta o outro, um salva o outro, apenas com o olhar, sem palavras, apenas confiando no sentimento e na potência das possibilidades que a incerteza de ser livre proporciona.
Nesse momento lembrei-me de Rubem Alves, “há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” Antes que eu pudesse encorajar o voo, a professora titular retornar a sala de (j)aula, o sinal toca e por fim a sensação de libertade programada.